Ano de 1994, mês de junho, Copa do Mundo. A seleção Canarinho papava todas e nas ruas, no final de cada partida era só comemoração.

   Para expor toda essa reação positiva de emoção, crianças, adolescentes, adultos e idosos, homens e mulheres, saíam nas ruas batendo em latas de todas as qualidades e tamanhos, panelas, sacudindo bandeirinhas, tocando em baldes de água e gritando:

    “- Vem, vem, vem pró Tetra vem !!!”

    E assim foi até a nossa conquista do Tetra Campeonato de Futebol Mundial. Este grupo rodava por vários bairros começando pelo Jd. Tupi (lembrando que foram os moradores deste bairro que criaram esta forma de expressão) e vinham a desfilar pelo Jd. Copacabana,  Jd. Angela, Guavirutuba, Kagohara, Santa Lúcia e regressava.

    Quando havia uma partida da Seleção Brasileira e que prevalecia o empate ou a vitória, já se criava um clima de expectativa.

     - Olha lá gente, a Lataiada vem aí !”

    Lataiada sim, foi o nome dado carinhosamente pela população pois a maioria dos instrumentos eram latas. A Copa acabou e a Lataiada cessou.

     Passaram-se quase quatro anos e no começo de Fevereiro de 1998, Marco, Antonio, Armando e Gabriel, líderes comunitários relembraram os momentos da Copa passada, das alegrias, dos toques das latas e daí veio a idéia de fazer algo para comemorar esse grande espetáculo esportivo que já se aproximava. Ter a Lataiada sim, porém diferente, organizada, com ritmo e não bater por bater.

     Assim como uma boa idéia não deve ser guardada na gaveta e sim exposta, ela tomou seu rumo.          Porém nenhum dos quatro possuía algum conhecimento de Percussão com Materiais Recicláveis.

    Numa tarde ensolarada como por acaso do destino, Marco e Armando se encontraram com o Israel (Músico que já havia feito um trabalho de percussão na Casa de Cultura do Piraporinha). Em meio as conversas, toca-se no assunto e deste bate papo renderam tantas perspectivas que marcaram uma reunião entre os cinco (Israel, Antônio, Marco, Armando e Gabriel).

    Neste encontro formalizaram as propostas, conseguiram um pequeno espaço (uma garagem), distribuíram convites entre crianças, adolescentes e interessados. Eis que vem a dúvida:

    - Que nome daremos a este grupo ?

     Sabiam que a Lataiada existia mas por outro lado não se sabia que haveria alguma manifestação da parte dos moradores do Jd. Tupi. Então eles pensaram por alguns dias e chegaram a um veredito.No dia 14 de março de 1998, atendendo ao convite feito pelos coordenadores, somente oito crianças apareceram.

     Este foi o acender do estopim para a criação do Grupo Timbalata,  nome oficial (alguns chamavam de Bate-Lata).

     Aos poucos seus fundadores começaram a perceber mudanças no comportamento das crianças pois elas chegavam tensas, descarregavam nas latas, fazendo um imenso barulho, mas acabavam os ensaios mais calmas, relaxadas das frustrações.

   Em meio à estes acontecimentos foram repensadas as idéias anteriores, foi visto que era necessário um trabalho de Ação Social  e em conjunto resolveu-se criar um projeto para crianças e adolescentes.

    Inspirados pelo título da canção Cio da Terra do Milton Nascimento, criou-se o PROJETO CIO DA TERRA, Grupo Timbalata, que em um ano desenvolve com grande empenho variadas oficinas com o intuito de enriquecimento da auto estima vislumbrando um futuro mais promissor.

    Muitas pessoas solidárias se aliaram e se aliam a este propósito sendo todos voluntários sem qualquer remuneração, mas sim a gratificação de ver o sorriso de uma criança  ao se sentir útil, livre e respeitada, tornando-se um ser de caráter.

    Aqui foi retratada a origem deste projeto para que não caia no esquecimento no futuro por aqueles que aqui passam e passarão algum dia, porque esta história não acabou, apenas está começando pois o PROJETO CIO DA TERRA É A ESPERANÇA DO HOJE NA REALIZAÇÃO DO AMANHÃ.